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NOSSO BLOG

A História da cidade Imortal


Pernambuco by Night - Narrativa dos membros da História de sua cidade.

Pode parecer contraditório, mas é mais difícil obter-se fatos históricos quando seus protagonistas ainda estão vivos. É isso o que acontece entre os cainitas, embora muitos protagonistas de sua história ainda estejam vivos em Pernambuco, muito pouco se sabe a respeito dos primeiros anos da colonização no estado. Quando a história ainda está viva, seus interesses ainda atuam de maneira decisiva, o que faz com que não se possa trabalhar com fatos ao se estudar a história. Assim sendo, o trabalho é feito em cima de versões, mais ou menos confiáveis (dependendo da fonte), quanto mais recentes mais precisas, mas ainda versões.

Mas não é assim que os vampiros jogam seus jogos? Não é assim que eles conspiram? Não haveria de ser diferente na cidade que já foi conhecida como a mais ortodoxa do país, e hoje tenta reerguer-se bravamente após ter sido praticamente devastada seguidas vezes. Atentem à história, ela pode ensinar bastante, mas lembrem-se, os fatos podem ser outros, que nem desconfiamos, ainda...

O Surgimento da Nova Roma

Casa Forte, uma mansão imponente. Marcar uma audiência com o patriarca da Famiglia Matarazzo no Brasil já seria algo complicado, para pedir um depoimento sobre a história da cidade seria pedir demais. A tarefa fora passada para sua cria de confiança, um pouco mais acessível, mas mesmo assim uma pessoa complicada de ser achada. A veste impecável de linhas clássicas, italianas, cabelo perfeitamente penteado, gestos comedidos indicam o acento a ser tomado.

Antes mesmo dele explicar já se deduz que isso vai ser uma palestra, ele provavelmente não vai tolerar interrupções então concordar parece ser o mais sensato, ainda mais quando ele parece disposto a contar o que sabe da história da cidade. Sem muita enrolação inicia-se o monólogo.


O Início de Tudo

O caminho ideal a ser seguido em uma narrativa como essa é a partir dos pilares de nossa história, os patriarcas que primeiro pisaram em terras pernambucanas, e é esse o caminho que vou traçar aqui.

Embora especificar qual foi o primeiro cainita a pisar em território pernambucano seja uma tarefa virtualmente impossível, delinear seus passos torna-se algo bastante fácil. Chega a ser óbvio, mas a hoje temida cidade de Olinda foi, certamente, o lar do primeiro vampiro a chegar por aqui. Afinal, a cidade foi o berço da aristocracia canavieira, dos mais ricos e importantes mortais do estado, foi a mola propulsora que gerou o que veio a ser Pernambuco. Também não é nenhum absurdo deduzirmos que o primeiro cainita foi um lusitano, afinal, embora antes da efetivação da colonização o litoral tenha sofrido com ataques piratas franceses e ingleses, esses ataques eram ocasionais, apenas para saque, nada mais. Não haveria como um cainita fixar-se aqui, sem um rebanho já estabelecido... ao menos logicamente falando.

Fragmentos de documentos, tomos e relatos indicam para o fundador da linhagem ventrue no NE, possivelmente também o pilar inicial que serviria de base à camarilla na região. Esses fragmentos e relatos não indicam o nome, mas ele era conhecido como “o Primeiro Lusitano”, mais tarde “O Leão do Norte”.

Essa é a certeza “fácil” de se ter, até porque pouco se sabe, publicamente, sobre quando e como cada patriarca de cada família chegou e fixou-se no estado. Como ter alguma certeza em relação, por exemplo, à chegada do primeiro nosferatu, se até hoje essa família se mantém oculta dos demais imortais?

Além disso, as revoluções do século XIX também afetaram drasticamente a sociedade imortal, fazendo com que boa parte de seus registros fossem destruídos. Assim, muitos nomes que ajudaram a construir o estado hoje estão perdidos. Foram as revoluções também que fizeram o foco das atividades imortais se deslocarem de Olinda para Recife. Movimento feito consideravelmente depois dos mortais, mas vampiros costumam ser conservadores demais antes de se mudarem assim, apenas verdadeiros acontecimentos deslocam uma grande quantidade de vampiros em tão pouco tempo.

As revoluções fizeram seu serviço e, ainda hoje, muito conhecimento está soterrado sob as ruas de Olinda, muitos poderes, talvez mesmo alguns imortais agora durmam sob seus lares. Desde então Olinda passou a ser um lugar temido pelos cainitas pernambucanos, e passou então ser conhecida como a Cidade dos Mistérios.

Ascensão e Derrocada Brujah – O Príncipe Caído.

Quem é esse príncipe caído?

Que não se tem registros de sua chegada exata em terras pernambucanas, mas conseguiu poder para, sozinho, desafiar figuras como Koma, Matado, Dom Augusto e Andreotti. Essa pergunta talvez ninguém saiba ao certo como responder... tudo aponta para um Brujah, mas seu nome perdeu-se com as revoluções que ele mesmo insuflou. Talvez apenas os Brujah possam responder de fato quem é esta misteriosa figura, talvez nem eles mesmos saibam... mas quem teria coragem de perguntar algo assim para os Brujah?

Essa figura já deveria habitar as terras do estado a anos, talvez séculos, tamanha era a influência que ele e seus generais exerciam no estado. Pelo modus operandi, pode-se especular que talvez todas revoluções Pernambucanas até a Confederação do Equador tiveram o dedo deste ser.

De certo, temos que ele declarou-se príncipe em meados do século XVIII, através de um exército forte e influências sólidas ante a sociedade mortal (influências tão sólidas que surpreenderam mesmo os Ventrue e Toreador). E, desde então, iniciou um império de sangue, derrubando qualquer inimigo que tentasse se impor.

No auge do seu império, porém, algo aconteceu, foi durante a Confederação do Equador, que o jogo começou a virar, aparentemente uma força descomunal abateu o Príncipe Caído Brujah. Mesmo assim seus generais ainda tinham muito poder, para manter o império pelo tempo que fosse necessário, contudo algo virou definitivamente o jogo, e os generais caíram um a um.

O Conselho Patriarcal – Alicerce da Sociedade Imortal

Sob as ruínas do Estado, devastado por seguidas revoluções, os membros restantes perceberam que sem um governo forte jamais poderiam combater ameaças similares. Assim, formou-se o primeiro conselho patriarcal de Recife que governou a cidade e voltou a conduzi-la ao crescimento por décadas. O primeiro conselho era formado por cinco membros: Da Família das Artes, Alexandre Matado; da Família Real, Dom Augusto Benjamin; Da Familia do Oculto, o Jovem Koma Kwa Machi; da Família das Feras, Hugo Santos, cria direta de Andreotti; da Família das sombras, o infame Johann.

Alexandre Matado, Dom Augusto e Hugo Santos eram fáceis de se deduzir que fariam parte do conselho: Matado era sucessor natural de Jean Paul (morto durante o reinado do Príncipe Caído), Dom Augusto do Leão do Norte (desaparecido) e Hugo Santos de Andreotti (ausente). Como o jovem Koma conseguiu respeito para pleitear e conseguir uma cadeira juntamente com o infame Johann, definitivamente é algo que só quem viveu à época poderia dizer. Única coisa certa é que, algo eles fizeram para serem aceitos. Já os Brujah, ainda eram tidos como mortos.

O Senhor da Cidade Imortal

Após algumas décadas de governo tranqüilo, os patriarcas perceberam que se faria necessário um único soberano para as terras de Recife. Qualquer um dos patriarcas poderia ter-se erguido e proclamado-se príncipe da cidade, mas isso poderia gerar um desequilíbrio sério nos pilares do estado, isso poderia ser o motivo de confrontos que ameaçariam as famílias recifenses. Então, Luis de Alcântara Matado, cria de Alexandre Matado reuniu uma corte e apresentou-se ao conselho, que, por sua vez, reconheceu a soberania do jovem das artes.

Luis foi um senhor sóbrio e conservador, e manteve a cidade na linha por um dos períodos mais longos de todo novo continente, cerca de 120 anos. Mais que isso... sua corte era perfeitamente equilibrada em termos políticos, o que, raras vezes gerou conflitos de interesses. Na verdade, foram anos de paz e serenidade que Recife teve com Luis como senhor, e tudo começou a ruir, com a volta de uma sombra que todos pensavam extinta.

O Triunvirato Brujah

O fato que começou a desequilibrar as forças dentro do governo de Luis de Alcântara Matado, foi ocorrido durante uma corriqueira reunião da corte recifense, possivelmente em seu elísio mais tradicional, o Teatro Santa Isabel, em uma noite perdida do ano de 1923. Como espíritos de mortos que voltam para assombrar seus assassinos surgiram 3 Brujah, o triunvirato Brujah, impondo-se como dignos de permanecer no estado, por terem estado aqui desde sempre.

Mas não foi assim tão fácil, e é óbvio que os Brujah sabia muito bem que não seria fácil. Eles não foram reconhecidos, não foi dada uma cadeira no conselho a eles. Os brujah permaneciam no estado, isso é fato, mas como moradores de segunda categoria, que ficavam com as sobras do que os senhores da cidade deixavam para eles.

Contudo, mais uma vez, esses membros se mostraram exímios manipuladores do rebanho e, durante a ditadura militar, mostraram toda sua influência e poder controlando não só a resistência como setores da repressão com exímia desenvoltura. Assim sendo, em 1969, a corte recifense reunida acabou reconhecendo o triunvirato e cedendo uma cadeira dentro do conselho patriarcal a eles. Anthon acabou sentando-se ao lado dos patriarcas e representando a vontade do triunvirato ante a eles.

E a ascensão meteórica dos Brujah seguiu-se, com os outros dois triúnviros galgando cada vez mais postos dentro da corte.

Os Governadores

Cerca de 100 anos de principado, foi o que precisou Luis de Alcântara para se sentir seguro para expandir o principado de Recife para todo Pernambuco. O conservadorismo talvez o tenha contido mais tempo do que deveria, isso é fato por um lado, por outro, contudo, ele acabou dando poderes demais a duas figuras ascendentes no cenário de Recife.

O primeiro governador foi Athos D’Espang, outro advindo do triunvirato Brujah. Athos foi nomeado Governador do Interior, tendo poderes quase ilimitados, devendo apenas ao príncipe. Athos assumiu o cargo e o conduziu com excepcional perícia, sendo um governador forte. Suas explorações no interior, e a manutenção da extensa área longe da Região Metropolitana logo renderam sua ascensão definitiva na corte, superando Marcos Velásquez, o terceiro triúnviro, e mesmo Anthon, patriarca Brujah. Essa ascensão fez, pela primeira vez, a estrutura do triunvirato ruir, com os ciúmes e a crise entre Marcos e Athos.

O segundo governador foi o temido tremere conhecido apenas como o Regente de Olinda. A ele foi dada a cidade dos mistérios, e ele cuidou muito bem dela, não resta dúvidas. Bem o suficiente para, quatro anos depois, declarar-se senhor das terras de Olinda, sem dar chance a uma retomada por parte do príncipe. A tentativa do Príncipe em reaproximar a cidade dos mistérios com a Cidade Imortal mostrou-se um completo fracasso, e Olinda isolou-se ainda mais completamente, só aparecendo ativamente novamente, 20 anos depois.

A queda do Senhor de Recife

A partir daqui tudo começa a acontecer muito rápido. A queda de Luis de Alcântara estava anunciada antes mesmo de seu fatídico fim. A estratégia de ampliar suas influências através dos governadores mostrou-se um fracasso total, e conseguiu gerar dois rivais à altura. Por um lado o Regente de Olinda se declarou senhor das terras de Olinda, sem dar reação à corte de Recife, por outro Athos D’Espang cresceu enormemente em poder, o suficiente para rivalizar em influencia e em poder com Luis de Alcântara.

Soma-se isso ao misterioso desaparecimento do conselho patriarcal que afastou-se das reuniões na cidade e deixou Luis sozinho. Sua queda, definitivamente estava anunciada, mas ninguém poderia prever o que aconteceu, nenhum rival por mais ferrenho que fosse planejaria algo assim.

O Sabbat

Se não foi esse o fator que levou Luis à sua queda, sem dúvida foi o que precipitou tudo, de maneira drástica e brutal. O Sabbat; esses animais já cercavam Recife há algum tempo, e começavam a preocupar toda a corte pernambucana. Foi quando Luis cometeu seu pecado capital, convocou uma grande reunião juntando toda a camarilla para decidir sobre o problema Sabbat.

De alguma maneira, não se sabe como, nem nunca se investigou, o Sabbat descobriu essa reunião. Então, foi feito o inferno, o elísio foi tomado de assalto, muitas perdas, enquanto os principais bairros da cidade cederam, um a um. Dentre as perdas, Luis de Alcântara fora dado como morto.

A sociedade estava em polvorosa, não havia mais refúgio seguro... . Ou melhor, apenas um bairro, apenas uma família, fez valer sua fortaleza e manteve seu território livre dos Sabbat. Ironicamente essa família foi a do conhecimento. Os antes proscritos Brujah tornaram-se a esperança de toda Pernambuco e, dentre eles, Athos D’Espang surgiu ao conselho, clamando o principado de Recife em troca da expulsão dos Sabbat da cidade.

Athos conseguiu o improvável, uniu famílias que estavam sem uma liderança. E, sob sua liderança, pouco a pouco a cidade foi retomada, quando a retomada foi total, o conselho cumpriu sua parte no acordo e aceitou Athos como legítimo soberano de Recife. Athos prontamente formou sua nova corte, que trazia uma grande surpresa, Leonardo Lima, líder malkaviano, a família do Espelho, clã que até então pouco influenciara no andamento do estado agora tinha uma posição de destaque na posição de Leonardo Lima, o Governador Mor (senescal) de Recife.

O Começo do Fim

Por mais que Athos fora uma liderança inspirada, não havia como manter um principado por muito tempo sem uma corte. E uma corte era algo que Athos não possuía. O que ele formou foi um amontoado de vampiros poderosos ávidos por poder, dispostos a tudo para conseguir seu objetivo. Por algum tempo Athos pôde administrar isso, mas não durou muito. O barril de pólvora foi ficando muito próximo de sua explosão e algumas coisas contribuíram para essa explosão definitiva.

A quebra do Espelho


A Família do Espelho nunca fora numerosa em terras pernambucanas. De fato, poucos registros apontam para possibilidades de um ou outro membro mais antigo, afora isso trata-se de uma família recente, sempre deixada de lado, mesmo tratada como cidadãos de segunda categoria. Mas o surgimento de Leonardo Lima começou a mudar isso, e a família experimentou um breve período de glória e respeito. Período esse que foi interrompido em seu auge, como quase sempre ocorre com ascensões meteóricas.

Os Garotos Perdidos

Esse grupo de celerados representa, antes de mais nada, a primeira representação efetiva anarquista no estado. Desde, este fato, estes parias não deixaram mais o estado, mais que isso, cresceram, criaram problemas, e por algumas vezes deixaram a cidade a beira do caos. E tudo começou quando o conselho patriarcal decidiu aceitar um jovem da Família do Espelho, que dizia querer apenas permanecer no estado por um determinado período.

Este jovem, conhecido por Beremiz, aparentemente descendente de árabes, logo se associou a jovens membros insatisfeitos na cidade e formaram uma coterie, que ficou conhecida como “Os Garotos Perdidos”. Este grupo, rapidamente ascendeu, ajudavam-se e logo obtiveram algum destaque, enquanto, por outro lado, tinham seu nome associado a varias quebras de tradições. Algumas severas, especialmente no que diz respeito a seus conflitos com a Família Lusitana, que levaram ao fim do grupo com a morte de seus principais lideres. Era o fim da anarquia no estado, ainda em estado embrionário, ao menos era o que todos acreditavam.

Gangrel vs. Brujah, a queda e o desaparecimento de Athos

Aqui chegamos onde tudo desandou de vez. Até então os fatos, por mais conturbados que fossem, mantinham uma certa estabilidade na cidade. Porém, quando os dois braços armados da Camarilla guerrearam entre si, deram margem para que os inimigos crescessem, e multiplicassem-se.

Como começou ao certo a guerra é difícil pontuar, gangrel vão jogar culpa nos brujah e vice-versa. Fato é que começou, e a primeira vítima foi um gangrel, um antigo conhecido por Vento. Suas cinzas foram espalhadas em um elísio, por Athos D’Espang, ainda senhor da cidade, durante uma reunião da família das artes. Os gangrel declararam a guerra, e começaram os conflitos que ocasionaram diversas baixas, em ambos os lados. O capitão da cidade, até então símbolo da solidez da camarilla, Carlos Joseph Victor foi executado pela camarilla, e Athos D’Espang fora deposto, como tentativa da seita em acabar os conflitos. Mas os gangrel não se deram por satisfeitos, acharam desmedidas as punições sobre si, clamavam pelo sangue dos Brujah.

E assim o conflito não se encerrou, pelo contrário, se intensificou por muito tempo. O próprio Athos foi dado como morto, pelas mãos do próprio Adriano Andreotti, durante esta guerra.

Efetivamente não se pode dizer quando exatamente tudo terminou, pois só terminou quando restaram quase nenhum membro de ambos os lados, quando a camarilla estava exposta, sem seus braços armados, quando a sociedade começou a rugir sob seu pilares centenários.

Caos, O Fim

Daí por diante os rumos da Nova Roma tornaram-se caóticos, alguns dizem ser o fim dos tempos, os anciões despertando... o que posso dizer daqui para frente é que se torna humanamente impossível dissertar algo dentro de tempos tão caóticos. Em poucos anos, tantas mudanças, reviravoltas e guerras que não se pode explicar de maneira clara, metade do que aconteceu, e faze-lo seria desperdiçar meu precioso tempo...

Creio que já pude esclarecer nossas origens, nossos alicerces, que são, afinal o que nos fez como o somos hoje. Todo o resto apenas deturpou o trabalho de séculos.

Giuliano Matarzzo

Tempos Modernos

Beco da fome, 03h00, o cheiro de fritura velha, a escuridão quase absoluta. Um local deserto, e inóspito à essa hora. A não ser por um barulho, uma conversa, ou reunião, vinda de dentro de um dos bares. Sentado em uma cadeira velha de frente para três jovens anarquistas, recém abraçados, está Arthur Andrade.

Figura conhecida por quase todos, um anarquista, como todos sabem, mas poucos falam. E os que falam não acusam. Ele tem influencias em quase toda cidade, e isso é motivo mais do que suficiente para evitar-se uma guerra contra ele. Até porque há muito que ele não propaga suas idéias anarquistas, pelo menos é nisso que muitos acreditam.

Caos, o início

Ihhhh..!! Tempos modernos... a cidade surgiu daqui. Podem contar muitas coisas de tempos idos, mas a modernidade varreu tudo e reformou a cidade da maneira como a conhecemos agora, qualquer outra coisa é bobagem de quem não se adapta a mudanças. O momento em que cheguei à cidade em particular foi bem crítico então deixa eu tentar fazer um resumo rápido que fica mais fácil de sacar.

Após o conselho patriarcal, tirar Athos do cargo, e após o mesmo desaparecer (depois soubemos que sumiu porque o Andreotti deu cabo dele), parecia que Gangrel e Brujah se acalmariam, e parariam com a guerra. Só que as duas máquinas de guerra da Camarilla não saem de uma briga tão facilmente assim. Ambos os clãs que, chegaram a ter, d’uma só vez, mais de 15 membros cada, foram drasticamente reduzidos. Quando cheguei, os gangrel eram só 3, juntamente com Davi, Anderson e eu, aumentamos um pouco mas ainda éramos fracos ante o que um dia fomos. Os brujah eram tão poucos quanto mas haviam se saído melhor na camarilla o que enfraqueceu o clã da besta ainda mais.

Além disso, não havia um príncipe, mas a cidade até que se saiu bem sem príncipe, não fez lá tanta falta quanto alguém pode achar.

Aliás uma coisa muito interessante, que vocês precisam atentar, é que sempre que esteve sem um príncipe a cidade andou muito bem. Mas atentar não é propagar, pensem, entendam e guardem para si e para os seus camaradas as reflexões, falou?

Lógico que tinha a guerra, mas isso é outra história... . O conselho patriarcal tava no comando da cidade e manteve o controle até o dia em que tudo parecia certo para a ascensão de um novo príncipe.

A volta dos que não foram OU Matado vs. Matado

Acho que por todo o tradicionalismo babaca que essa cidade sempre teve que o conselho escolheu mais um Matado para governar. Lucas Ludgrim, não foi exatamente um exemplo de governador... e nem poderia ser, e o conselho deveria saber disso, mas estou me adiantando aos fatos.

Uma grande festa estava armada, o conselho não costumava convocar festas desse porte, um belíssimo casarão em Casa Forte, luxuosíssimo. Até eu fiquei impressionado com o porte da festa, e eu já sabia o motivo dela (estar bem informado, isso sempre é fundamental, principalmente para nós).

A festa corria normalmente; intrigas, conspirações, fofocas, etc. Os membros foram chamados ao salão para o conselho finalmente revelar o motivo da reunião, até que foi anunciado que já era hora de um novo príncipe assumir, o nome Lucas Ludgrim Matado foi anunciado para a surpresa de muitos. Mas a surpresa foi total quando surgiu Luis de Alcântara Matado, dado como morto pelo sabbat anos atrás, reivindicando o principado que, segundo ele, ainda seria dele por direito.

A zona foi geral, a cerimônia interrompida, o conselho foi pego de surpresa e não sabia o que fazer, Luis não parecia disposto a acatar menos que seu principado de volta. As tramas e conspirações tiveram início, ambos buscavam apoio, Luis teve apoio automático e incondicional dos Gangrel (todos menos eu), Lucas dos Brujah (essa nova divergência reascendeu a guerra de maneira desastrosa para ambos os clãs), e de praticamente de todos os demais membros da cidade. Luis, sem apoios, teve de engolir e ver um jovem de sua família desbanca-lo ante todos; a cara de ódio dele foi algo memorável, e eu não tinha a porra de uma camerazinha pra poder estar mostrando isso pra vocês agora.

Três é demais

Não bastasse tudo isso em uma única noite, ainda mais um evento de nota ocorreu nessa estranha festa. Victor Bulhões, cria de Alexandre Matado, como Luís de Alcântara, surge nessa festa, aparentemente vindo da Europa, reivindicando um território para administrar ou, como ele mesmo chamou: o seu baronato (termo bastante sugestivo, mas creio que à época ninguém sabia o que era um baronato para vampiros...).

Então Lucas e o Conselho deram pra ele o território de Jaboatão, que mais tarde viria abrigar estranhos parceiros como Giovannis, Gangrel, Malks, Toreador, Brujah (de fato, os Gangrel e os Brujah que se fixaram em Jaboatão não estavam muito interessados em confrontos não) e até Tremere.

Mas esse baronato foi uma verdadeira anarquia (o que poderia até ser adequado, mas não foi), no pior sentido do termo. Talvez por sabotagem dos membros enciumados de Recife, talvez por incompetência dos membros ali fixados. Seja como for, as confusões e pressões de membros enciumados com a autonomia de Jaboatão fizeram com que a corte Recifense anexasse de volta a cidade, deixando alguns membros particularmente insatisfeitos, especialmente os Giovanni e Victor Bulhões.

Bala, Guerra Civil, Fogo, Destruição ... soa como música, não?

Tentar dar detalhes do que aconteceu em seguida seria como detalhar um filme de ação de Hollywood. Num adianta, quem viu sabe o que foi, quem não viu melhor não imaginar. Gangrel e Brujah se reanimaram e voltaram à velha e conhecida guerra, quem tava no meio acabava sem tempo de fugir. A guerra generalizou. A cidade, que estava superpovoada de vampiros acabou usando da seleção natural para reduzir esse número.

No meio da zona teve tiroteio em shopping, no Recife Antigo e por aí vai... o suficiente para alguém com muito poder e pouca inteligência usar de sua força para uma intervenção do exército. Toque de recolher e aquela palhaçada toda. Pouco nego tinha peito pra sair na rua, comida ficou escassa. Caçar nego do exército não rolava, muita arma e eles sempre tavam em 4 ou 5.

Resultado? Quem tinha poder de fogo ou manha para liderar, juntou uma galera e fez o que foi preciso para sobreviver. Poucos grupos restavam, ainda vem um arconte ventrue julgar todo mundo como se fosse Deus e matar mais uma dúzia (dois que tavam na minha mira, nego vem de fora e estraga nosso prazer, da pra acreditar?). Resultado, uns 15 vampiros vivos, onde mês e meio atrás tinham mais de 130.

Ah, sim! No meio dessa zona toda, apareceu um Ventrue maluco, do tempo do ronca, que resolveu matar todo mundo (vampiro velho nem original consegue ser). Ele tava bem perto de fazer isso, ate que juntou-se uma galera de ancillões superpoderosos para tentar mata-lo. Eu fui no meio também, porque não sou de perder uma boa festa. Não vou narrar o que se sucedeu, primeiro porque foi nos túneis dos Nosferatu e quanto menos eles souberem que eu andei lá dentro melhor, segundo porque... bom segundo porque o Ahmed já contou como ele matou o Ventrue. Basta resumir que, depois de muito penar o bendito foi pro saco.

Do pó ao pó

Obvio que depois dessa zona toda a cidade precisava ser refeita. Então chamaram todos os velhos da cidade e, novamente, eu também (acho que queriam evitar que eu causasse problemas, melhor trazer os inimigos para junto, saca?), para discutir o que seria feito. Foi decidido que precisávamos de um príncipe (e eu que não discordaria, com o árabe de cimitarra zanzando pela sala) que pudesse ser maleável a nossas necessidades, mas que fosse forte com os jovens. Escolheram um ventrue que tinha ralado quando a zona começou, o que provava, no mínimo, que ele era esperto.

Então aquela velha e manjada receita: festa luxuosa convocada sem motivos específicos, durante a festa é anunciado um novo príncipe, sob apoio de “x” membros e voíla, temos um novo principado.

O Cris (nota: Cris é como Arthur chama Cristiano Matarazzo) é até gente boa, para um ventrue. Se você num zoar com as coisas dele ele te deixa em paz. Mas acabou tendo pouca moral, andou sumido uma cara e, voltamos à zona. Monte de caçula tentando zoar, nego mais velho chiando porque um assamita (vejam só) virou senescal e mais uma vez o barril de pólvora estava armado. Um golpe quase foi dado, mas golpe que não é conduzido por especialista não pode dar certo. E não deu, Cristiano voltou por mais um mês, e os golpistas foram mortos.

Outro futuro-ex-príncipe assume

O enredo todo mundo conhece, festa convocada, membros de vários estados presentes, motivo desconhecido e: um novo príncipe assume. Ahmed, um Assamita, para o desgosto de qualquer tradicionalista assume, usando como troféus as cabeças dos “anarquistas” golpistas.

Agora entendam. Esse é o anarquista burro, somos anarquis, pintar alvo no peito não ajuda muito, temos de ser mais espertos ou seremos mortos, ponto.

E este principado teria durado bem, não fosse algum justiçar lá de fora baixar um decreto que só clã fundador da camarilla poderia ser príncipe de uma cidade, então o Ahmed teve de entregar o cargo e, advinhem só: a zona voltou.


Encrenca pouca é besteira

Agente tava bem relachado. O Sabbat tava morto, eu mesmo estava no grupo dos que deram cabo do ultimo bando. Eu dei o tiro de misericórdia no último. Estávamos novamente fechados em nosso mundinho, até que o inferno mandou um mensageiro ter um papinho com agente.

Maluco, já falei com todos os anciões dessa cidade e com muitos do Brasil e até gringo. Todos cheios de seu poderzinho, de seu status. Todos com “o peso dos séculos, e com sangue forte”. Olhei todos de frente, nunca baixei a cabeça nunca tive medo. Mas, quando fiquei cara-a-cara com o diabo do Regente em pessoa, carái, se eu fosse vivo teria me cagado. Você não precisava ser perceptivo pra sacar que o bicho era do mal. Ele teria me matado se eu não tivesse utilidade pra ele.

Outra lição a tomarem nota. Façam acreditar que vocês são úteis. Se deixarem de ser úteis, vocês serão mortos.

Veio gente de fora tentar ajudar, mas quando deram de frente com o Regente, nego debandou e deixou recife à sua própria sorte. Resultado: todo mundo teve de se unir, gangrel, brujah, assamita, toreador, ventrue e eu.

Depois de meses de estratégias furadas, de ataques malfadados tivemos três investidas seguidas de sucesso, conseguindo isolar o bicho. Aí a coisa ficou menos difícil, foi “só” juntar Ahmed, Andreotti, e todos os outros membros da cidade contra apenas o regente que nós o derrubamos. Depois de morrer uns 5, ou mais, nem lembro.

Fim? Ou apenas um novo começo?

Agora chegamos no hoje (2004). Tivemos mais alguns capítulos na historia, mas nada ou ninguém realmente importante. O que vale como lição para vocês é: Recife levou séculos para ser o que era, e em poucos anos tudo foi por água abaixo. Nada é tão sólido que não possa cair. E agora, com a cidade se reerguendo, podemos meter nosso dedinho nos moldes e moldá-la de uma maneira muito mais agradável. Todos tentarão isso. Todos querem moldar a cidade. Quem for mais esperto, vai conseguir trazer a cidade mais pro seu lado.

E agora me dêem licença que tou afim de dar uma volta no meu chevetão, vão arrumar vocês também o que fazer! Até a semana que vem, o local vocês saberão, como sempre, horas antes do encontro.


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